Dois negros cegos me tiraram do escuro

Roberto Muggiati ilumina o jazz com um LP clássico de 50 anos

Para ser lido ao som de Rahsaan Roland Kirk & Al Hibbler em Lover Come Back to Me

Foto: Reprodução

Lembram daquela piada politicamente incorretíssima sobre o clima de rivalidade entre dois cantores famosos? “O Ray Charles e o Stevie Wonder não podem nem se ver…”. Não é o caso de dois gênios do jazz – negros e cegos – que viam até o fundo da alma um do outro. Nos anos 1950, LPs importados eram uma raridade em Curitiba. Conheci o Al Hibbler num daqueles discos de prensagem nacional, cheio de chiados e corcovas. Já o multiinstrumentista simultâneo Roland Kirk conheci ao vivo, na fila do gargarejo do Ronnie Scott’s, em Londres, em 1963, antes de adotar o codinome muçulmano de Rahsaan. Naquela noite, Kirk soprou simultaneamente o sax-tenor, o manzello e o strich reproduzindo sozinho o naipe de saxofones da orquestra de Duke Ellington em Mood Indigo. Curtam o encontro dos gênios neste superálbum.

2 pensamentos

  1. Oi Mugiatti, o disco é mesmo sensacional (mereceu uma coroa no Penguin Guide of Jazz CDs) , mas o nome “Rahsaan” não tem nada a ver com islamismo; o Kirk adotou o nome após ouvi-lo em um sonho.

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