Tony Bennett fez das artes plásticas uma aliada na sua forma de cantar, privilegiando a descrição das imagens
Para ser lido ao som de Tony Bennett em I Left my Heart in San Francisco

A ascendência italiana, a voz encorpada e o gosto por canções românticas o aproximam de Frank Sinatra e o colocam no mais alto patamar da música romântica feita em qualquer parte do planeta nos últimos cem anos. O rosto de traços retos e a ausência de olhos azuis fizeram com que o cinema não fosse uma extensão artística para Bennett como foi para Sinatra, mas o rigor na escolha de músicos e do repertório e a sofisticação para reinventar canções deram ao seu estilo uma longevidade rara na música popular.
Se não teve o cinema, Bennett enveredou pela pintura e acabou fazendo das artes plásticas uma aliada na sua forma de cantar. Privilegiando a descrição das imagens, Bennett deu um novo colorido às interpretações de Watch What Happens, The Good Life, In A Mellow Tone e The Shadow of Your Smile, confirmando o que de melhor representa um Tony Bennett tradicional.
Já o Bennett moderno, renascido para um outro público depois da participação em uma das edições do Unplugged da MTV (gravado ao vivo em 1994 e vencedor do Grammy daquele ano), o cantor apresentou releituras interessantes para For Once in My Life, Fly Me To The Moon e a inesgotável I Left My Heart in San Francisco. Um repertório que prova que Tony Bennett, aos 93 anos, ainda não pensa em pendurar o smoking e que sua voz vigorosa ainda pode surpreender novas gerações de ouvintes.