Há cinco décadas, a macabra chacina de Sharon Tate e seus amigos marcava o epílogo de uma era que parecia não ter fim


Se o movimento hippie tem uma certidão de óbito é esta: 9 de agosto de 1969, quando o grupo de seis seguidores de Charles Manson invadiu a casa de Roman Polanski, em Cielo Drive, 10050, Bel Air. As vítimas foram cinco pessoas, entre 18 e 35 anos. A mais famosa, a atriz Sharon Tate, 26 anos, grávida de oito meses do cineasta Roman Polanski. Seu corpo foi perfurado 16 vezes por uma lâmina de baioneta e depois pendurado no teto por uma corda. O barbarismo continuou com a Família Manson – como eles se autodenominavam – utilizando o sangue de suas vítimas para escrever nas paredes da casa “Helter Skelter” e “Political Piggy”.

Manson escancarava o lado mais obscuro do movimento hippie. Aos 34 anos, ele era o líder de uma seita defensora do amor livre e adoradora de ritos satanistas. A imitação dos cabelos compridos, as roupas coloridas e o convívio em comunidade no Rancho Spahn, perto de Los Angeles, era tudo que eles haviam incorporado já que faziam uma leitura torta e equivocada dos principais preceitos hippies. A começar pelo sustento, deixando de lado ensinamentos como plantar o que iria ser usado como alimento e valorizar o artesanato para optar pelos pequenos furtos em supermercados e o roubo de carros.
Pacifismo, então, era um planeta distante. Fascista, racista e violento, Manson pretendia começar uma guerra que, segundo ele, seria a maior já travada, denominada de Helter Skelter. O nome corresponde ao título de uma música dos Beatles em que, de acordo com Manson, havia mensagens subliminares pregando o ódio aos negros.
Manson morreu em 19 de novembro de 2017, uma semana depois de ter completado 83 anos. Por quase cinco décadas tentou a liberdade condicional, mas teve seus apelos negados em todas as ocasiões, permanecendo encarcerado na Corcoran State Prison, na Califórnia.
Os crimes abalaram os Estados Unidos e assustaram hippies e não-hippies. Seria o desfecho trágico para uma era de esperança que, menos de uma semana depois, teria com Woodstock a perspectiva de tempos libertários e revolucionários. O festival seria o último suspiro – o sonho já havia acabado.