As coisas estão no mundo

Paulinho da Viola chega aos 80 anos como um símbolo de elegância e de integridade na música brasileira

Para ser lido ao som de Paulinho da Viola em Coisas do Mundo, Minha Nêga

Compositor de ideias claras e de repertório variado, Paulinho da Viola criou uma obra que contempla clássicos atemporais (ArgumentoCoisas do Mundo, Minha NegaSei Lá, Mangueira e Foi Um Rio que Passou em Minha Vida), composições novas, praticamente inéditas, canções antigas mas pouco conhecidas (Depois de Tanto Amor, do disco que fez com Elton Medeiros em 1968, Nas Ondas da Noite, de 1971, e Comprimido, de 1973) e homenagens ao choro instrumental (Choro Negro e Beliscando, de sua autoria, e Cochichando, de Pixinguinha), além de um tributo aos compositores da velha guarda.

Filho do músico Cesar Faria (que durante muitos anos fez parte do conjunto), Paulinho da Viola cresceu num ambiente musical, tendo contato desde a infância com nomes como Jacob do Bandolim e Pixinguinha. Por esse motivo, sua carreira é marcada por reconhecimentos e homenagens, com Paulinho interpretando compositores da antiga que foram importantes na sua formação como Valzinho, Geraldo Pereira, Wilson Batista, Cartola, Nelson Cavaquinho e Zé Kéti. “Não tenho mais aquela pressa em gravar. Não trabalho de maneira industrial. Prefiro fazer tudo com calma, de modo artesanal. Mas ando compondo com frequência”, me disse ele numa entrevista no começo do milênio.

Na conversa, o portelense Paulinho da Viola lembrou que conheceu um de seus mestres, o mangueirense Cartola em 1964. Estava com 22 anos e foi levado pelo poeta e produtor musical Hermínio Bello de Carvalho para um encontro no Zicartola, reduto da boêmia mangueirense comandado pelo velho sambista e por sua mulher, dona Zica. “Eu conhecia a fama dele, que já era imensa. Era uma lenda da Mangueira. Isso, de certa forma, me intimidava. Mas ele, desde o primeiro momento, foi gentil e atencioso comigo”, recordou Paulinho da Viola, contando que chegou a mostrar para Cartola alguns sambas que havia feito naquela época. “Até hoje ele é uma referência no meu trabalho”.

E Paulinho da Viola, aos 80 anos completados neste dia 12, segue sendo uma referência para milhões de brasileiros.

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Autor: Márcio Pinheiro

Jornalista, roteirista, produtor cultural

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