Lucio Brancato revela sua pílula jazzística cheia de psicodelia e non-sense
Para ser lido ao som The Sun Ra Arkestra, under direction of Marshall Allen, live at Cafe Oto

Em maio de 2004, estive no Rio para conferir o Chivas Jazz Festival. A atração que me fez sair de Porto Alegre era a The Sun Ra Arkestra, under direction of Marshall Allen. Nesta época eu andava em Saturno procurando os sons de Sun Ra e foi lá no Rio que encontrei. Antes de toda orquestra entrar surge do nada alguém levando John Ore, o baixista, que por ser cego precisava deste aúxílio. Morot em 2014, Ore já era uma lenda, tendo tocado com Sun Ra também além de Thelonious Monk, Lester Young e Coleman Hawkins.
Só depois de Ore estar devidamente acomodado entram os demais músicos. O show confirmou as expectativas. A massa sonora levantou toda plateia que não sentou mais acompanhando a Arkestra até o apoteótico final, quando todos saíram tocando pelo meio do público. Não sei se fazia parte desta encenação maluca mas o fato é que John Ore foi esquecido. Só depois de um bom tempo que todos saíram do palco, alguém lembrou de buscar o baixista que ali ficou por muitos minutos depois que o show tinha acabado.