Márcio Pinheiro e Roberto Muggiati se unem para lembrar Chuck Israels
Para ser lido ao som de Bill Evans, Chuck Israels e Larry Bunker em Israel
Outra pílula jazzística surgida das minhas conversas com Roberto Muggiati.
“Márcio: A primeira gig profissional do Chuck Israels foi em Paris. A primeira vez que vi o jovem baixista foi numa noite de verão de 1961 – o céu ainda claro – na Rue d’Artois a caminho do Blue Note. Detalhe: do bolso externo do paletó sobressaía o romance de William Burroughs The Naked Lunch: eram moda, entre os hipsters da época, os livros de capa verde da Olympia Press, a editora parisiense que publicava em inglês obras proibidas em territórios de fala inglesa. Foi a Olympia também que publicou Lolita.
Abraço
Muggiati”

Para quem quiser saber mais, Charles H. “Chuck” Israels, nascido em 10 de agosto de 1936, é um dos grandes contrabaixistas do jazz, com uma carreira muito ligada a Bill Evans mas também com importantes colaborações ao lado de Coleman Hawkins, John Coltrane, Billie Holiday, Benny Goodman e Herbie Hancock.
Parte decisiva da sua carreira foi desenvolvida em Paris, com Bud Powell. Mais recentemente esteve afastado das gravações e dos shows mas não da música. Participou de discos ao lado de Rosemary Clooney e do Kronos Quartet, dirigiu o Centro de Estudos de Jazz na Western Washington University em Bellingham, Washington até 2010 e, depois de se aposentar da vida acadêmica, criou a Chuck Israels Jazz Orchestra, com a qual gravou um tributo em homenagem a Bill Evans em 2013.
Já Naked Lunch é um livro de William Burroughs lançado em Paris, em 1959. Um dos mais importantes livros da geração beat, Naked Lunch, acompanha o junkie William Lee (claramente inspirado no autor), que faz um relato das experiências com drogas (como heroína e morfina) em viagens (em todos os sentidos) por lugares como México, Tânger e Estados Unidos. No Brasil, foi publicado pela primeira vez em 1984 pela coleção Circo das Letras da editora Brasiliense com o título de Almoço Nu.