Na esquina mais famosa de Ipanema, a música está de volta
O público alvo não deu as caras ontem, na reabertura da casa de show Vinicius. Mas, a partir de hoje, turistas devem ajudar a manter o empreendimento. Gente que tem boas referências culturais do Rio e corre atrás da música brasileira mais rodada no mundo. Afinal, a lenda reza que ali naquela esquina teria nascido a “Garota de Ipanema“. Mesmo que a bossa nova já engatinhasse no território do jazz, foi em 1962, sentados em bar no cruzamento da então Rua Montenegro com a Prudente de Moraes, que Tom e Vinicius começaram a gerar a canção que rodou o mundo e não para.
Para encurtar a longa história, o bar Veloso virou “Garota de Ipanema”. Comprado em 1971 pelo empreendedor português Manuel Capão, em 1989, ganhou um irmão, o Vinicius Bar, em casarão no outro lado da rua.

Àquela altura, nove anos após a morte do diplomata-poeta-compositor, a rua já tinha virado Vinicius de Moraes. E, como lembrou o proprietário, para o show de abertura no espaço de shows no segundo andar do bar foi escalado um dos parceiros iniciais do letrista, Carlos Lyra. A partir daí, passaram por lá tantos outros artistas ligados à bossa e ao samba. Incluindo, a cantora Maria Creuza, que foi residente por quase duas décadas. Atualmente vivendo na Argentina, ela será a segunda atração da casa, nesse fim de semana. Enquanto, hoje e amanhã, o pianista Marcos Ariel e o guitarrista Vitor Biglione (mais a cantora Pri Viana e o baterista Helbe Machado) fazem um tributo a Sergio Mendes.
Vítima da pandemia, a casa de shows volta com capacidade de público ampliada para 150 pessoas. Ontem, sem mesas e cadeiras, deve ter passado pelo segundo andar do Vinicius Bar o triplo de convidados. Comes e bebes e canjas e muita conversa jogada dentro. Entre os que subiram ao palco, para lembrar algumas das muitas histórias do local, esteve a musa Helô Pinheiro. Enquanto Ariel, Biglione, Pri e Helbe serviram um aperitivo do que vão tocar e cantar hoje e amanhã, com muito Tom e Vinicius na receita.
Longa nova vida ao Vinicius Show!

E eu repito: vida longa ao Vinícius Show! Quanto ao saudoso Vinícius, fez ótimas parcerias com meio-mundo e um pouco mais, entre os grandes músicos da MPB. Tempos em que era imperativo à boa música ter letra de qualidade. É impossível disassociar bossa nova e Vinícius de Moraes. Parcerias com Vinícius vêm sempre à lembrança aquelas feitas sobretudo com Tom Jobim, Baden Powel, Toquinho e Chico Buarque, entre tantas outras.
É isso, sempre Vinicius!