Paulo Leminski, quase 40 anos depois de sua morte, continua sendo uma referência na música e na poesia
Para ser lido ao som de Caetano Veloso em Verdura

A posteridade tem sido generosa com Paulo Leminski. Desde sua morte, em junho de 1989, que o poeta paranaense (nascido em 1945, mestiço de polaco com negro, como gostava de se apresentar) recebe um tratamento condizente com sua grandeza literária. Seus textos são estudados em universidades, seus livros usados (muitos há anos fora de catálogo) alcançam boas avaliações nos sebos e seu exemplo, artístico e pessoal, serve de inspiração a novos poetas. Para conhecer melhor a obra de Leminski, num patamar mais elevado, existe Toda Poesia, edição que reúne cerca de 600 poemas do escritor. Estão ali dos primeiros publicados, em edição artesanal, como Quarenta Clics em Curitiba (1976) aos póstumos de Winterverno (2001). Além dos poemas, Toda Poesia traz o ensaio de Caetano Veloso, comentando Caprichos & Relaxos, de 1983, e também os de Haroldo de Campos, Wilson Bueno e de Leyla Perrone-Moisés analisando aspectos da obra do autor. Alice Ruiz S, poeta e que foi casada com Leminski e mãe de três filhos dele, é a autora do texto de apresentação.
Leminski viveu pouco mais de 44 anos e teve uma vida intensa e atribulada. Foi múltiplo em várias frentes: tradutor de John Lennon, James Joyce, Petrônio e Yukio Mishima, faixa-preta de judô, professor de cursinho, compositor com parcerias com Caetano Veloso, Moraes Moreira e Itamar Assumpção, biógrafo de Leon Trotski, do poeta japonês Matsuó Bashô e de Jesus, colaborador da Folha de S. Paulo e da Veja, ensaísta, publicitário, mas acima de tudo poeta. Sabia rir de si próprio, mas errou no vaticínio que fez sobre seu futuro: “Aqui jaz um grande poeta/Nada deixou escrito/Este silêncio, acredito/são suas obras completas”.
