Dois dias após Sly Stone, também aos 82 anos, o mundo se despede de Brian Wilson
Para ler ao som de “Lets go away for awhile”, do álbum “Pet Sounds”.
Por agora, apenas algumas fotos feitas durante a entrevista e o único show de Brian Wilson no Brasil, em São Paulo, novembro de 2004, no finado TIM Festival. Depois tento dividir mais sobre esse gênio da música popular.


PS: No início dos 1960, Brian Wilson fez as mais emblemáticas canções sobre surfe, praia e sol sem nunca botar seus pés numa prancha. Pintou uma Califórnia dourada, paradisíaca, de sonhos, carros, garotas, mas, também, retratou as tristezas de adolescentes solitários e inseguros, afundados em seus quartos. Até o estouro dos Beatles, e da boiada britânica em geral, a partir de 1964, os Beach Boys reinavam como a principal banda do renascido rock do período.
O mais velho e genial dos irmãos Wilson (os outros foram Dennis e Carl, no grupo completado por um primo, Mike Love, e o amigo Al Jardine) sentiu o golpe. Principalmente sob o impacto de “Rubber Soul” (dezembro de 1965), respondeu a Lennon, McCartney, Harrison e Starr com o ambicioso “Pet sounds” (maio de 1966). Como Paul e George Martin nunca cansaram de dizer (e ouvi isso de ambos em momentos e entrevistas diferentes), após conhecerem a obra prima dos Beach Boys, os Beatles, movidos por igual espírito competitivo do bem, avançaram e, depois de “Revolver” (agosto de 1966), chegaram a “Sgt. Pepper” (junho de 1967).
Musical desde o berço, esquisitão, Brian enfrentou o pai abusivo, primeiro empresário dos garotos, que nunca aceitou a música mais sofisticada que o filho passou a fazer. Também sofreu pressão dos executivos da Capitol Records e até do primo Mike Love, todos querendo que os Beach Boys continuassem presos à receita dos primeiros sucessos. Muitos deles ainda arrebatadores, mas, pouco para as pretensões de um sujeito com ouvido absoluto. E que além de Chuck Berry e Four Freshmen, duas de suas principais influências, adorava George Gershwin e demais mestres da canção pré-rock and roll dos EUA. Ele se recusou a fazer apenas o básico, trocou as turnês pelos estúdios e, entupido de LSD, maconha e similares, continuou avançando. Aos trancos e barrancos, enfrentando problemas mentais, sumiços, não parou de produzir grande música. Não faltam exemplos, mas, para essa despedida de alguém que nunca irá partir, escolho o tema instrumental “Let’s go away for awhile”.

Das três entrevistas com Brian Wilson, apenas uma foi presencial, em 7 de novembro de 2004, durante sua única passagem pelo Brasil, um show no finado TIM Festival, em São Paulo. Apenas nós dois numa sala em seu hotel, mas, o repórter mais vacilou do que acertou. Mais fã do que jornalista, imagino. Restaram alguns bons retratos do artista enquanto um jovial sexagenário e muitas ótimas lembranças do ótimo concerto.
PS2: aqui o repertório da noite paulistana
- Sloop John B([traditional] cover)
- Dance, Dance, Dance(The Beach Boys song)
- Desert Drive
- Hawaii(The Beach Boys song)
- Catch a Wave(The Beach Boys song)
- In My Room(The Beach Boys song)
- California Girls(The Beach Boys song)
- Your Imagination
- The Little Girl I Once Knew(The Beach Boys song)
- Surfer Girl(The Beach Boys song)
- Please Let Me Wonder(The Beach Boys song)
- Don’t Worry Baby(The Beach Boys song)
- I Get Around(The Beach Boys song)
- Wouldn’t It Be Nice(The Beach Boys song)
- God Only Knows(The Beach Boys song)
- Pet Sounds(The Beach Boys song)
- Darlin’(The Beach Boys song)
- Our Prayer(The Beach Boys song)
- Heroes and Villains(The Beach Boys song)
- Add Some Music to Your Day(The Beach Boys song)
- Wendy(The Beach Boys song)
- All Summer Long(The Beach Boys song)
- Sail On, Sailor(The Beach Boys song)
- Marcella(The Beach Boys song)
- Good Vibrations(The Beach Boys song)
- Encore:
- Do It Again(The Beach Boys song)
- Help Me, Rhonda(The Beach Boys song)
- Barbara Ann(The Regents cover)
- Surfin’ U.S.A.(The Beach Boys song)
- Fun, Fun, Fun(The Beach Boys song)
- Encore 2:
- Love and Mercy
