Menino da natureza

Roberto Muggiati conta a incrível história de edden ahbez e sua composição mais conhecida, Nature Boy

Para ser lido ao som de Nat King Cole em Nature Boy

Ícone da cidade de Los Angeles – como o Cristo do Rio, a Torre Eiffel de Paris, a Estátua da Liberdade de NY – o letreiro de Hollywood fez cem anos no último dia 13. Originalmente HOLLYWOODLAND, anunciando um lançamento imobiliário que não vingou, sobreviveu como HOLLYWOOD depois que a indústria cinematográfica de instalou à sombra do Monte Lee, com 521 metros de altitude, onde está fincado.

Suas letras, com 15 metros de altura, ao longo de 137 metros, sempre foram cercadas de mistérios e lendas. Uma delas foi o autor de Nature Boy, canção que se tornou um hit na voz de Nat King Cole em 1948.

Depois de uma busca incansável, a imprensa o descobriu morando há vários anos ao pé do primeiro L do letreiro, com mulher e filho pequeno (foi capa das revistas Time, Life e Newsweek.) George Alexander Aberle, nascido no Brooklyn em 1908, filho de judeu e escocesa, foi um dos primeiros errantes que adotaram o estilo de vida naturista e muitos o consideram o “Primeiro Hippie”. Só comia frutas, legumes e nozes e deixou crescer a barba e os cabelos. Mudou o nome para eden ahbez, em minúsculas; segundo ele as maiúsculas só valiam para Deus e Infinito. Em 1947, ahbez entregou a partitura de sua canção nos bastidores de um teatro de Los Angeles para o empresário de Nat King Cole. O cantor a incluiu em suas apresentações e a recepção calorosa do público o levou a gravá-la. No verão de 1948, Nature Boy foi o disco mais vendido por oito semanas seguidas. No mesmo ano, foi gravada também por Frank Sinatra e por Dick Haymes, em versões a cappella acompanhadas apenas por um coral, devido à greve então vigente dos músicos americanos.

Usada na trilha do filme O Menino dos Cabelos Verdes, rendeu US$ 10 mil ao nômade que alegava sustentar a família com apenas US$ 3 por semana. Trouxe-lhe também acusações de plágio. A melodia lembrava muito uma obra do compositor checo Antonín Dvořák, o Piano Quintet in A, Op. 81 – 2 Dumka (Andante con Moto).

Como a música de Dvořák era de domínio público, isso não causou a ahbez os problemas que ele iria encarar com a ação legal movida contra ele pelo compositor iídiche Herman Yablokoff, que acusava Nature Boy de plagiar sua canção Shvayg Mayn Harts.

ahbez alegou que “ouvira a melodia em meio à neblina das montanhas da California”. A desculpa não colou e ele acabou pagando US$ 25 mil a Yablokoff num acordo particular. Àquela altura já tinha dinheiro sobrando para isso.

eden ahbez tirou a família do sereno e continuou fazendo música, sendo gravado por nomes famosos: de Doris Day, Herb Jeffries, Eartha Kitt e Frankie Laine a roqueiros como Brian Wilson, Grace Slick e Donovan, mas jamais chegou perto do sucesso de Nature Boy, uma das músicas mais marcantes do século 20.

Ao contrário da carreira artística, a vida pessoal não lhe foi tão afortunada. A mulher, Annette, morreu de leucemia em 1963, aos 47 anos; o único filho, Zoma, afogado, em 1971, aos 22 anos. eden ahbez ainda gozava de boa saúde até os 86 anos, quando morreu, em 1995, num acidente de automóvel.

Em 2001, Nature Boy desempenhou um papel importante na salada sonora de Baz Luhrmann Moulin Rouge e figura na trilha sonora do filme com uma cover da gravação de Nat King Cole por David Bowie. Os versos finais da canção persistem entre os mais citados da nossa época quando se fala de amor: “The greatest thing, you’ll ever learn/Is just to love/And be loved/In return”.

Nenhum pensamento

  1. Goste! Nada conhecia. Fiquei mais sabida. Como pude chegar aos 84 anos tão ignorante?

    Para continuar meus aprendizados, comprei “Amar, verbo intransitivo”, da coleção da Folha, pois quero aprender mais.

    BACI

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