Do Ah-um ao bum-á

Roberto Muggiati, um dos cem autores do livro 1979: O Ano que Ressignificou a MPB, faz uma aproximação dos álbuns seminais de Charles Mingus e Hermeto Pascoal

Para ouvir ao som de Charles Mingus em Better Git it on Your Soul e Hermeto Pascoal em Susto

Foto: Reprodução

Existe uma simetria perfeita nos dois grandes álbuns, Mingus Ah Um, de Charles Mingus, e zabumbê-bum-á, de Hermeto Pascoal. O de Mingus é de 1959; o de Hermeto, de 1979. Além da cacofonia do título, da empatia conceitual das capas (do artista gráfico S. Neil Fujita e do escultor de arame Ruy Pereira), ambos têm nove faixas que são uma amálgama dos sons da época e dos sons mais caros aos dois grandes músicos.

Por que Ah Um e bum-á nesta altura do campeonato? Por um motivo bem preciso: sai em setembro (dia 16, às 19h na Travessa do Leblon) o livro 1979: O Ano que Ressignificou a MPB, organizado por Célio Albuquerque, o mesmo que editou 1973: O Ano que Reinventou a MPB (2013). Dobrando a dose, agora são 100 LPs analisados por músicos e jornalistas, de 14 Bis/14 Bis até Zizi Possi/Pedaço de Mim. Coube a mim escrever sobre zabumbê-bum-á, de um ponto de vista privilegiado: em julho de 1979 cobri a Noite Brasileira do Festival de Jazz de Montreux, em que Hermeto Pascoal lançava seu álbum e fazia também sua primeira apresentação na Europa. Falo em privilégio porque não foi uma cobertura distanciada e fria. Tive a sorte de viajar do aeroporto do Galeão até Genebra no mesmo avião com Hermeto e toda sua banda e iniciei com o Bruxo uma bela amizade que dura até hoje, passados 43 anos, regados a bons vinhos.

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