Por onde anda Vittor Santos?

Longe dos holofotes, arranjador, compositor, trombonista, professor lança um novo álbum com sua orquestra

Para ler ao som de “Do-vento”, uma das faixas do álbum “Co(n)sequência!”

Nos anos 1990, Vittor Santos desceu a serra de Petrópolis de vez. Como trombonista e arranjador marcou presença nos estúdios do Rio, gravando com meio mundo da MPB. E além. De Moraes Moreira, Ed Motta, Caetano Veloso, Orquestra Ouro Negro até a hoje esquecida Carla Perez.  Nesse período, no finado selo independente Leblon Records, lançou dois álbuns que ainda soam muito bem no streaming, “Trombone” (1994) e “Sem compromisso” (1997). Neles, brilhava o solista fora de série, passeando por repertório de clássicos da canção brasileira (e uma composição própria no segundo), mas, como mostrou depois, pronto para muito mais.

Àquela altura, o músico, nascido em 25 de janeiro (o mesmo dia de Jobim) de 1965, também se destacava pela atividade que o aproxima de outro mestre, Moacir Santos, a de educador. A lista de gente que já passou por suas aulas é tão grande quanto a de créditos em discos do trombonista, arranjador e líder de orquestra.

Sem alarde, e espaço na mídia, Vittor Santos completou 60 anos em janeiro passado e, em outubro, botou nas plataformas de streaming “Co(n)sequência!”. Seis temas originais que dão sequência ao álbum anterior de Vittor Santos e Orquestra, “Co(n)fraternização” (2020), também com seis composições, e o “n” entre parênteses nos títulos. Essa grafia já aparecera em 2014, com formação de grupo, “Co(n)vivências”, e, como o próprio anuncia, terá um quarto, “Co(n)junção”. Antes deste, e ainda em 2025, Vittor lançará mais três trabalhos. Dois com Carioca Freitas, músico ignorado no Brasil, mas que, há duas décadas, faz discos e shows por diversos países do mundo, da América Central à Asia, e outro com uma cantora da Costa Rica.

“Co(n)sequência!” é consequência de talento e muito estudo, busca pela conhecimento que não para. Ele tinha 11 anos quando, em 1976, entrou como percussionista da banda do Clube Musical Euterpe, fundada em 1901 em Petrópolis e em atividade até hoje. Três anos depois, começou a tocar em um grupo de baile; aos 16, assinou o primeiro arranjo em um estúdio de gravação. Tudo isso sem parar de estudar, incluindo, em 1985, o fundamental encontro com Ian Guest, com quem aprendeu conceitos, linguagem e aplicação da prática da harmonização. Entre 1986 e 87, já tinha mostrado que queria muito,  lançando dois  discos da Orquestra de Vittor Santos pela gravadora Chantecler/Continental.

Agora, em “Co(n)sequência!”, 49 instrumentistas participam das “tramas sonoras” tecidas por Vittor. Seis longos temas, o mais antigo escrito em 1986 e o mais recente, em 2023. É uma formação de big band, ampliada em algumas faixas, também incluindo naipes de cordas,  flauta e percussão extra.  Nos créditos tanto de Spotify quanto de Apple Music, ao lado do nome de cada tema aparecem alguns dos solistas. Entre outros, Jessé Sadoc (trompete), Fernando Clark (guitarra, presente nos discos da década de 1990, “Trombone” e “Sem compromisso”), Gabriel Guezst (piano), Fernando Vidal (guitarra), Eduardo Mercuri (guitarra), Marcelo Martins: (sax-alto), Rodrigo Marsillac (piano), Daniel Garcia (sax-tenor), David Gang (flauta)…  O trombone de Vittor está em duas, “Do-vento” e “Vivências nº 4”, mas, dá para dizer que o instrumento principal dele é a orquestra. Por sinal, em suas aulas de harmonia, pede aos alunos, muitos destes músicos consagrados, que esqueçam seus instrumentos. 

PS: “Co(n)sequência!” também está disponível no YouTube e, ali, Vittor Santos botou a lista completa dos 49 instrumentistas que participam.

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Autor: Antonio Carlos Miguel

Amador de música desde que se entende por gente. Jornalista, fotógrafo especializado no mundo dos sons combinados.

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