Chorando no Natal com Bud e Bill

Roberto Muggiati conta como, de um jeito idiossincrático, Bud Powell e Bill Evans celebraram o Natal com insólitos vocais, auto acompanhados ao piano

Bud Powell e Bill Evans (Fotos: Wikimedia/Commons)

Na casa de Francis Paudras, na Rue Boursault, em Paris, Bud registrou o
clássico The Xmas Song,composto por Mel Tormé. Bud já vivia isolado do mundo exterior, trancado na jaula de sua música. Era 1961, ele voltaria a Nova York em 1964 e lá morreria em 31 de julho de tuberculose, desnutrição e alcoolismo. Dias antes do fim, ele escreveu: “Sou um escritor e compositor e esses tratamentos de eletrochoque a que vocês me submetem estão destruindo meu cérebro”. Sua composição final, no leito de morte, foi o poema premonitório Eternity. Bill Evans aproveitou uma brecha nas gravações do álbum com a cantora sueca Monica Zetterlund em Estocolmo para gravar sua versão vocal de Santa Claus Is Coming To Town. Era 23 de agosto de 1964, só havia Natal na sua alma e, nas instruções aos técnicos e nos risos defensivos, sente-se toda a vulnerabilidade do gênio que morreria aos 51 anos. Tão intensas quanto a sua música, as risadas loucas de Bud e as gargalhadas juvenis de Bill dizem muito da sua alma imortal. 

Nenhum pensamento

  1. Matéria sensível. Foram dois pesos pesados do piano jazzístico, aos quais juntam-se outros, pareados em relevância, que passaram a fazer muita falta a cada ausência, porém imortalizados por suas obras que, por graça da tecnologia, podemos continuar apreciando.

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