Reinaldo Figueiredo revela alguns dos velhos truques do marketing fonográfico e mostra que até o grande Baden Powell também teve a sua fase de crossdresser
Para ser lido ao som de Misty, a mais famosa composição de Erroll Garner e que começa assim: “Look at me…”

Nos anos 50, alguns ouvintes mais distraídos devem ter achado que Erroll Garner era uma morenaça lindona, com cara de atriz de Hollywood e devem ter pensado lá com os botões da sua vitrola: “Essa pianista, além te tocar muito bem, é bonita pra caralho…”.
Mas não era bem assim. O problema é que, naquele tempo, essa era uma estratégia de marketing muito comum. As capas do LPs eram quase sempre ilustradas com fotos de modelos lindíssimas. E às vezes o rosto do músico permanecia um mistério. E, para piorar, naquele tempo o rádio ainda não tinha imagem.
Um dia, o marrento trompetista Miles Davis deu um esporro nos seus produtores por causa desta capa:

Ele conseguiu que a gravadora lançasse outra edição do disco com outra foto na capa, esta aqui:

Miles combinou que, dali em diante, se quisessem botar foto de mulher na capa dos discos, a mulher tinha que ser a dele. E assim foi feito: nos anos seguintes, o trompetista lançou vários discos e se casou com várias mulheres.
Enquanto isso, aqui no Brasil, o grande Baden Powell também teve a sua fase de crossdresser.
